quinta-feira, 23 de agosto de 2012

VISITA DOS SAFADOS DO ALÉM - Homenagem a Nelson Rodrigues



VISITA DOS SAFADOS DO ALÉM


JTorquato

Virei o vidro de ácido no copo, era minha dose diária, nunca reparei na marca do produto, nem de seu fabricante, eu o tomava diariamente, para depois destilar durante o dia, toda minha amargura, indignação, meu cinismo protestante cevado em derrotas populares na luta contra a impunidade, corrupção, incapacidades de gerenciamentos públicos, e idiotice do povo abestado que critica para depois soprar no mesmo sacana que era motivo de críticas, vendendo-se por meras esmolas eleitorais.
Pois bem desta feita tive a curiosidade de olhar o rótulo, além de uma caveira mui semelhante a certo cronista cínico, tinha o nome do fabricante que também era distribuidor NELSON RODRIGUES.]
A Minha máquina de escrever que estava nicotinada no lugar da antiga pintura, era hoje um teclado de letras apagadas, e já trocado por um antigo que também de cinza, se nicotinou. Ao meu lado um safado tarado condenado por ter roubado descaradamente verbas destinadas a merenda, educação e saúde, exibia um sorriso desdentado de caveira e gritava sussurrando, ave de mau agouro, que eu é que era ingênuo me negando aos prazeres terrenos em troca da ética, e da honra que só havia a estrada da pobreza extrema, no seu reino, dizia ele, ninguém perdia oportunidade de por a mão numa grana por fora, que se lascasse as crianças com fome, o povo gritando de dor no chão dos corredores do SUS. E que educação do povão era produção de revolução posterior.
Olhei para o filha da puta do defunto na sombra de meu quarto, pequei a porta da geladeira encostada  na mesma, e joguei nela, a porta enferrujada voou por cima da estante que só com o vento passante, desmontou jorrando livros velhos e papeís amarelos por toda sala, a parede recebeu com carinho a porta da geladeira e o defunto se escafedeu. Mas logo a porta da sala bateu e não era o vento norte, eram outras sombras, fazendo sexo explícito, dançando e rindo de mim, um velho barbado me apontou o fantasma de Tancredo Neves, mais adiante Brizolla conversava sem fim com Getúlio Vargas, e me dizia “O povo não sabe de nada o Povo vota em quem fala mais e a língua deles, o povo gosta de demagogia e de candidatos ricos, se veem lá nos parlamentos roubando também”. Ao seu lado Ulysses Guimarães balançava a cabeça já disposto a contestar. Mas calou-se e abraçou Mário Covas que estava vermelho de raiva. O Silêncio deles não era o silencio dos inocentes.
Calabar apareceu dizendo da traição histórica contra sua memória e gritava se fossemos Holandeses, não estaria esta putaria toda. Do alto de algum morro infernal descia membros ensanguentados, rolando pela encosta, pensei no jornalista da Globo e seus carrascos dos morros cariocas, mas a cabeça era raspada e sem barbas, Mas Lula ainda não morreu!!!!, claro não era Lula pois atrás não vinha nenhuma garrafa de pinga e sim uma corda em nó aberto. Havia tradução de seus gritos mudos e o tradutor era um aleijado total, diminuto,” Eu me Chamo Antonio Lisboa o Aleijadinho e este aqui é outro mineiro de honra se Chama Tiradentes, ele está dizendo que se soubesse em que se transformaria o povo brasileiro, tinha ficado quieto e arrumado uma esposa para aquatelar-se em família”.
Finalmente não encontrei o mestre Nelson, mas faz mal não, tenho de arrumar uma tábua de compensado para tampar minha geladeira, e um calço para ela e a estante desmontada e não remontável. Tenho de encarar mais um dia de políticos caras de pau na TV prometendo a mesma coisa que sabe nunca vai fazer, receber noticia da Pizza Julgamento do Mensalão, onde o espetáculo televisivo já se aproxima do BBB e da Fazenda, em qualidade, arte e comicidade, além da audiência, mas que todos já sabem do final. Se forem condenados talvez, pegarão a pena de cestas básicas e multas além de aposentadorias mordomísticas, e se não, correrão a processar o governo, a imprensa e a puta que o pariu, atrás de mais grana.
O Combustível destes corruptos sacanas se chama grana e poder, ou poder e grana, ou seja: Carrara ou Carrara. A Isca é essa, e meus fantasmas que já não sabem mais o que é isso, a gracinha do humor diz, “que já não te pertence mais”, mas os caras não desgrudam da materialidade corruptista, e ao lado dos filhos, esposas, netos e sobrinhos, continuam sussurrando fórmulas do além ao vivos nos Parlamentos do Brasil e nas Empreiteiras, nos Bancos, Nas corretores, Nas Agências Valerísticas. Não se enganem com a minha geladeira desconjuntada, eles são os professores astrais de além túmulo do espírito safado e sem vergonha de seus alunos e herdeiros na terra Brasilis.
Quando verdes políticos, lobistas, empreiteiros suspeitos, juntos ou em grupo, pode crer amizade, lá estará sempre o SENHOR das trevas, Seu parente morto safado ou um professor de corruptália a repassar seus conhecimentos as queridas e imundas almas ENCARNADAS.

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