sábado, 11 de agosto de 2012

ANÁRQUICA CORRUPÇÃO - ESPERANÇA DE JUSTIÇA DOS DO LADO DE LÁ


ANÁRQUICA CORRUPÇÃO - ESPERANÇA DE JUSTIÇA DOS DO LADO DE LÁ
jTorquato

Estranhando a presença de tanta gente em volta de um edifício, me aproximei, estava deslizando no ar, não era propriamente voando, em perto chegando, me deparei com uma multidão de crianças de aparência desgraçada, uns estavam nus mesmo, outros barrigudos, todos com uma carinha de sofrimento que mesmo durão, rolou lágrimas interativas dos meus pretensos olhos que agora viam em 360º.
Disposto a saber a causa curiosa daquela formação em círculo perante aquele edifício, indaguei mentalmente a todos eles, alguns balbuciaram, outros choraram com o se materializados estivessem, mas nada daquilo pode ser traduzido em frases, muito menos em alguma linguagem conhecida.
Uma mulher, vestida com uma roupa esfarrapada, descalça, descabelada, faces encovadas, e membros finíssimos, abriu uma boca tremendamente horrível de cacos pretos e me explicou num idioma parecido com o português do Brasil, falado no Nordeste.
- Este prédio moço, é um dos que meu marido ajudou a levantar, vindo para cá, trabalhar na construção de Brasília, com a esperança de retornar a nossa terrinha com dinheiro suficiente para fazermos uma cisterna, endireitar nossa casinha, plantar nossa roça com água guardada, criar nossos bichos, comprar uma cama de verdade, um fogão a gás, e três caminhas para os meninos, sonhávamos até com cadeiras e mesas. E muito milho para as galinhas.
- Bem moça, Brasília foi construída, tudo foi um sucesso.
- Mas meu marido morreu de doença lá em Brasília, nunca voltou, e a seca foi acabando com “nóis”. Primeiro foi os “animá” depois o chão “turricado” era a visão diária de meus pés em busca de água barrenta a léguas donde eu morava, e lá se foi Chiquinho, morreu calado com um “olhão” me mirando como a me perdoar por eu ter posto “ele” neste mundo. E eu moço, nem lágrimas tinha para chorar, em menos de três dias foram embora todos meus filhos, não havia mais água, alimento, forças, me deitei na palha e esperei meu fim.
- Anos depois retornei a vida neste mesmo sertão, de Alagoas, agora fui parar no interior feroz de Pernambuco, quase divisa com a Bahia, inda teve algum período de “bem aventurança”, casei num São João, como diria.. “Arretado”, e fomos morar num sítio verde, onde havia “inté” laranja, mas daí veio um cabra um dia e ofereceu uma ninharia pelas terras que nem queríamos vender, não aceitamos, meu filho nenezinho inda chorava no berço quando os tiros começaram, deu tempo de agarrar Nanozinho (meu filho) e fugir pelo sertão de Deus, olhando para trás, fiquei petrificada como na Bíblia, meu barraco com meu amor dentro, ardia em chamas, e os grtitos de alegria dos bandidos junto aos de agonia de meu marido inda ressoam em meus ouvidos.
Para o lugar que eu fui, havia inté escola, com  merenda, outro rapaz se engraçou de mim, e juntamos nossos trapos numa rocinha no sertão Pernambucano, a seca nos expulsou de lá e fugimos para Recife. Em uma calçada de uma praça do centro, numa noite fria, fizeram de meu marido uma tocha humana. Tocaram fogo nele dormindo porque não queriam dejetos humanos “enfeiando”, infectando,  a paisagem dos ricaços das redondezas. Sei que tive outras vidas, só não lembro com certeza de quantas vezes fugi com uma criança enquanto queimavam meus homens, Conheci sim a maldade humana em maior intensidade que a bondade humana. Mas
 N uma favela de lá conheci uma organização que cuidou de nós, Nanozionho aprendeu até capoeira, estudava numa boa escola com jovens e dedicados professores que eram voluntários. Novamente o Governo estava muito longe de nós. Mas quando chegou perto de nós foi para fechar a organização, as merendas nossas, nossa alimentação diária, a educação e a saúde das crianças. Eram os Políticos. Deram um jeito de desviar todo dinheiro da Organização e acabou com ela. Mais adiante soube também, através dos membros, professores e etc. que isto acontecia normalmente, os maus políticos como os homens que encontrei pela vida, eram maioria neste país. Voltei as Calçadas de Recife a mendigar, Nanozinho se entregou ao vicio e ao roubo, morreu resistindo a prisão com apenas 9 anos. É este menino aqui. Me mostrou o “mudo de olhos esbugalhados”.
Mas ainda não compreendi este movimento de vocês ao redor deste prédio.
Este Prédio moço, é o da Justiça Brasileira, nós estamos assistindo ao Julgamento dos Assassinos via indireta, das monstruosidades que cometeram ao roubar e desviar dinheiro da merenda, da educação e da saúde de um povo. Este povo são estas almas que estão aqui na esperança de assistir UMA JUSTIÇA DOS HOMENS.
Estes aqui são crianças criminosas, crianças abandonadas nos lixos, crianças que morreram ressecadas de sede, que viraram marginais, que morreram ao nascer, que morreram na fila do SUS ou do Hospital de Pronto Socorro do Brasil afora. Do outro lado está uma multidão ainda maior dos adultos, lá sim, é um verdadeiro horror, como já disse alguém, UM VERDADEIRO INFERNO DE DANTE construído por estes corruptos, alguns dos quais estão aí neste prédio sendo julgados. E TODAS AQUÍ JAZEM NA ESPERANÇA DE JUSTIÇA.
Deslizando em redor do Prédio, por entre almas penadas de Brasileiros Vítimas da Impunidade, dos Buracos Legais, dos Advogados inescrupulosos, que gera a MAIOR PRAGA BRASILEIRA DOS ÚLTIMOS TEMPOS.... A CORRUPÇÃO.

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