AO CONTRÁRIO DE GHOST – IV (LEIAM TB AS PARTES I, II, III)
jTorquato (Supertor4)
fevereiro 2012
Acordei meio atarantado, acordei pensando que estava acordando dentro de um sonho, e que se fizesse força acordaria de verdade. Mas já estava acordado mesmo, o barulho da cozinha e o rádio ligado no Padre Marcelo me convenceram, então era sábado. Minhas sandálias não estavam no lugar. De repente me lembrei... Ihhh Meu Avô!
- Levantou logo cedo, queria Lâmina de barbear e espuma, reclamou que não tínhamos estojo de barba, apresentei o descartável que usou dizendo que vai ao primeiro barbeiro fazer a barba na velha e boa navalha. Disse minha coroa
- Se encontrar, disse eu.
- Barbeiro?
- Sim os dois: barbeiro e navalha, ah ah ah, vai encontrar cabeleireiro, e vai entranhar não ser um senhor respeitável, mas jovens requebrativos efeminados, de navalha nem em sonho.
- Ah ele perguntou onde tinha um barzinho com um jornaleiro por perto, ele queria dar uma boa olhada nas notícias políticas da “terrinha” e ver os filmes que estão passando no Plaza, Ideal, São Luiz e Lux; acho que é isso mesmo marca de sabonete né? está pirando o velho.
- Não, antigamente havia uma febre por “X” tinha Cine Rex, Cine Lux, Cine Fox, hoje a maioria virou igreja evangélica. Mas jornais na periferia de uma cidade nordestina no Brasil? Ele não sabe da involução cultural dos brasileiros, não lêem mais, não se importam em serem “burros” e se espelham no ex-presidente que tinha orgulho de ser semi analfabeto. Pobre do meu avô, com tanta tecnologia e novidades, vai pensar que o Brasil se aculturou mais desde seu tempo, não sabe que a educação e a cultura regrediram ao primitivismo sociopata.
Encontrei o Velho Agenor em animada conversa no Bar do Bigode, parecia Clarck Gabo (é assim mesmo, aquele de “O Vento Levou”?) com uma mecha do cabelo à testa, dizia
- “esta é Baiana, Cai um Homem, uma”
Todos o olhavam como se estivesse vendo um ET elegante e fora de moda apesar de estar usando minha camisa social de mangas curtas, mas as calças era a mesma: de Linho Branco e meu chinelo. Passou uns 2 minutos de silêncio, eu quebrei com a resposta que me lembrava: RUI, ele sorriu e disse este é meu neto, grande cabeça!!!.
- Võ, Xarada não é o forte do século XXI, ninguém nem sabe do que se trata, não estamos em 1955.
-Ele parereçe nem ter escutado, me perguntou por um jornaleiro que não via passar, Eles passam vez em quando, mas com jornais de assinatura, entregam na casa, não há jornais à venda nas periferias Seu Agenor.
- Então ninguém liga para o que se passa?
- Liga a TV, desliga quando vem o Jornal, e religa na novela ou no futebol, ou mais ainda num tal de BBB que já te expliquei. O Povo não dá valor nenhum a notícias e muitos nem sabe interpretar o que lê. Na realidade são desligados, desiludidos, e só aprendem quando há necessidade de trabalho, ou concurso, livros só os didáticos.
- Mas como conseguem trabalhar se não lêem, não estudam...
- Muitos estudam como burros de carroça, o tapa olho observa uma única direção, a que interessa no momento, isto quando não ficam fascinado por digamos, profissões com menor sacrifícios, como Jogador de Futebol, prostituto, prostitutas, mula do tráfico de drogas, traficantes etc.
- Que é isso de drogas?
- Meu avô isto requer outro momento, com mais calma te explicarei de como certas religiões acertaram na Besta do Apocalipse.
FIM DA PARTE IV
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