sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Tremens Delirium


TREMENS DELIRIUS
j.Torquato

Nem queria descer a ladeira de pedras, o dia amanhecia, eu quase que vi
Um gato assombrado saiu correndo da casa velha a desabar na primeira chuva.
-Socorro gritava o bichano pardo, chamuscado pelos fumaçando levemente.
- Socorro uma veia tentou me colocar no fogo, me assar.
Eu gargalhei para meu Delirius Tremens, agarrei meu pescoço com força.
Gritei:
- ò veia dos diabos deixa os gatos em paz, e eu também NE?
Tombei
Ví o chão de mim se aproximar, o que uma Moça Rica Pernambucana não faz.
Pensei em cair de cara, depois de coração, mas fiz dos braços amortecedores.
Porque eu chorava e falava o nome de uma mulher, que eu nem me lembrava de quem era?
Ah já sei, era uma garota, de um pastoril da festa lá em baixo, que pensei estar amando.
E entreguei para ela todos os galhos secos de rosas que encontrei.
Para ela fazer-me uma coroa de espinhos, para eu imitar o sofrimento divino do amor, ou coisa parecida.
E as rosas? Bebi com a Moça Rica, e ela me esbofeteou e disse:
- Então vá paquerar ela.
Eu fui.
Descendo a ladeira vi o gato perseguido, ora perseguindo um pássaro pequeno, escuro no escuro.
Gritei solta a presa, ai vi as presas, era um morcego de igreja, ali tava a igreja.
O Morcego era uma imitação 3 x 4 do padre de lá
Jurei que o morcego bebia vinho da igreja e fui lá tirar o vinho do passarinho.
O Gato fugiu apavorado com minha determinação estampada nos olhos. Cai de novo
As formigas já trabalhavam diante de meus olhos na horizontal, e cantavam.
A cigarra fazia horas extras na boate do gafanhoto cinza, cantava óperas para as formigas operárias.
Senti um lambida nas pernas era a língua do sapo chamando minha atenção.
- Ó cara acorda, tás mais bêbado que o Lula, encosta no poste, e vai para casa
Fui, mas a mulher é... não abriu a porta, não abriu porque não quis, certamente estava com outro.
Como sabe que estava em casa? Pergunta o sapo
- A Luz estava acesa olha aí
- Mas é um poste imbecil e tu nem é casado.
Ah tá, mas preciso ficar em pé para descer, e vou descer, as pedras atrapalham.
O Sol aparecia sobre os telhados da Igreja dos Martírios, atrás de mim as caixas de água, na minha frente a cidade vista de cima, aos meus pés, sapos, formigas, cigarras, gatos e uma infinidade de habitantes do meu
DELIRIUM TRÊMENS

Nenhum comentário:

Postar um comentário