VIDAS SECAS E SAFADAS
j.Torquato
SENTEI A MESA DO CAFÉ FUMEGANTE E ESPIRREI
DANCEI NA PISTA ROLANTE, BALOUÇANTE, ARROTEI.
PASSEI PELA MÁQUINA FOTOGRÁFICA, ARREGANHEI AS GENGIVAS.
COMO TODO TOLO, DORMI
SONO SOLTO, SEM CULPAS.
RONQUEI.
ESBRANQUIÇÍ MEUS CABELOS E ENRAIVEI MINHA BARBA, SOLUCEI,
PENTEEI.
E PELA VIDA VALSEI UM TANGO DE RUMBA E UM CHORO ENCARNADO.
VÍTIMAS DE TERREMOTO DERRUBANDO O SOLO DO RIO DE JANEIRO.
ABRACEI ÁRVORES PODADAS,
CHOREI TRONCOS PODRES VIVIDOS, ESQUECIDOS.
PISEI FOLHAS SECAS, QUEBRADAS SOB UM ALQUEBRADO CORPO
JUVENIL DA TERCEIRA IDADE.
ME CURVEI
VI PARA ASSISTIR DE CAMAROTE, ME DEBRUCEI, PEIDEI.
E NO ABISMO DA VIDA ME LANCEI, SEM GRITO, SÓ UM CANTAR.
PARA ALVOROÇAR PÁSSAROS NOTURNO E URUBUS DIURNOS.
NA LAMA MACIA E GOSTOSA ME JOGUEI E FIQUEI A OLHAR.
LÁ EM CIMA AS NUVENS FAZIAM UM LENÇOL PARA A LUA SE DEITAR.
E A LUA SAFADA, ME VIU E UM RAIO ME LANÇOU, BRILHANDO NA
MINHA LAMA.
MINHA CAMA.
PARA ACORDAR PRECISO DE UMA CACHAÇA.
E NUNCA MAIS TER DE ACORDAR.
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