quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

A CADEIRA QUE RODAVA

 

A CADEIRA QUE RODAVA

joséTorquato/Dezembro 2023

Cocei mesmo a cabeça...

Que diabos estava havendo?

Estava no quintal ao lado das plantas medicinais e das flores de minha avó, em frente ao pé de manga que dividia-se em três troncos de maravilhosas mangas espadas.

E de repente estou aqui, em frente a pessoas tipo avós iguais ao meu, que debatia o desastre do Governo de um tal de Alcoólatra Lula da Silva. Ué!!! e Jânio Quadros por onde anda?

Estava acocorado empurrando meus vagões de trem (tijolos de barro prensados, arrumados como tal) e gritando piuiiiiii, e de repente estou numa cadeira esquisita que rodava, e estava vestido quase igual ao meu avô. Só que em uma calça curta sem suspensórios e de um chinelo de borracha no lugar do tamanco ou sapato bico fino de verniz preto lustroso. Adiante passava carros que não eram Studebaker de praça, mas com umas cores neutras como prata, brancas e pretas e sua maioria espantosa, carros com rodas na bunda, ridículos, sem a classe de um cadilac, um Aero Willys!!!!

Fechei os olhos tentando também não escutar, para voltar pelo caminho que vim para este presente estranho, esquisito, sem elegância, barulhento e pior medroso, as pessoas pareciam terrificadas com o governo e com o que estava acontecendo no mundo de onde acordei. Vou falar com o padre Oliveira da Paróquia N. S. das Graças, ele vai gostar de saber que os acontecimentos desta era eram iguais as previsões do Fim do Mundo que ele tanto falava.

Abri os olhos e continuava lá, sentado naquela cadeira ridícula onde fiz questão de ficar rodando. Ai a turma me olhou espantada, Oxente!! parece criança disse um deles.

Olhei assustado EU ERA UMA CRIANÇA DE 7 ANOS, tinha no bolso um broche com uma vassoura dourada de Jânio Quadros, tinhas as mãos sujas de terra da errrr.... Olhei minhas mãos que estavam grandes, com veias saltadas e manchadas, não estavam elas com a terra da Rua Comendador Teixeira Bastos, no bairro da Levada onde eu morava. Ainda mais espantado olhei para a Rua, não era a rua de paralepípedo, não havia Venda da esquina, não tinha a casa Rosa grande emblemática no final da Rua, não havia a casa de Seu Laurentino da Vitrola que tocava Augusto Calheiros e Nelson Gonçalves. Tudo estava anormal, diferente até o Céu na era mais o MEU CÉU, não havia pássaros, só fumaça... Não havia os trilhos do trem Maria fumaça da Praça do Pirulito, nem os burros puxando carroças, não havia o vendedor de quebra queixo, pião doce, algodãozinho, pirulito, cuscuz, tapioca, oxente!!!! Nem havia meninos soltando “arraia”!!!!!.

Sai correndo, foi quando notei que nem correr direito eu podia, as pernas pesavam uns 100 quilos, dobravam sozinhas e não obedeciam as ordens, foi a piada completa quando finalmente notei que EU ERA UM IDOSO. 

Em senil fase terminal de retorno ao “antigamente”.

ME SENTEI NA CADEIRA QUE RODAVA E...

CHOREI...

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