C A T H E D R A L - A L
C A T H E D R A L
TESTEMUNHA HISTÓRICA HIBERNADA
j.torquato
Eu vi quando uma carruagem trouxe um maioral que chamaram de imperador pedro.
Eu senti o cheiro da pólvora dos fogos, e ouvi a voz mansa dele palestrando.
Eu vi os cavalos inquietos e os automóveis pretos enfileirados, sombrinhas, chapéus brancos de palhinha, ternos brancos engomados e cinzas, outros atrevidos com roupas pretas e camisas brancas a moda européia de então.
Vieram prá cá, rezaram, e de noite os lampiões brilhavam no prédio em frente a mim, e valsas tocaram, risos e sons de taças a se tocarem.
Muito tempo passou, vi mendigos e namorados, pipoqueiros e sorveteiros, vi o tumulto na assembléia legislativa, gritos, tiros e o cheiro de morte. gritavam não doutor, não doutor Fidelis, dr. Arnon... doutor...doutor...
Depois me lembro de uma multidão chorando e querendo entrar na assembléia gritando fora Suruagy, novos tiros desta feita fora da assembléia, na praça mesmo, a multidão que corre se atropela, tinha flashs e fotos, microfones e kombis com antenas.
Na sequencia só me lembro da decadência, pela praça... a cidade, pela cidade.... seu povo.. já não existia pipoqueiro, mas traficantezinhos mendigos viraram sem teto em leitos de papelão com ponto valendo uma fortuna, os sorveteiros sumiram com os pombos, com os namorados, no céu aviões de propaganda política, na praça viciados em maconha e crak, sujeira, grades, muitos carros todos iguais até na cor e na forma, acabou o engraxate, o piruliteiro, em seu lugar estavam flanelinhas malandros, viciados e criminosos, e no céu os condores, as andorinhas e os bem-te-vis sumiram para plagas menos fumarentas.
As palmeiras que eram minhas testemunhas deram lugar a estacionamentos, e os sabiás que cantavam lá foram cantar em algum lugar mais prá lá ainda.
E.. ai uma multidão de mendigos sociais e morais, trajando galas vermelhas, polainas e faixas, cartazes e tudo daquele vermelho nojento, cruel, pútrido, com siglas e gritos embriagados, invadiram a praça e queriam invadir a assembléia legislativa, porém um pistoleiro presidente foi muito mais macho que o resto da nação e mandou entrar, avisando que a cada quatro passos teriam uma bala de 12 no calibre. todo mundo vaiando ou não, puseram os rabos vermelhos comunistas entre as pernas e saíram sob CIT, MST, MTST, PT, PC do B ... vergonha!!!
Então tudo ficou calmo, assim como o povo "abestado" que acreditou em religião escrava e se conforma com os roubos e as aquisições ilegais dos ricos e a eterna pobreza financeira e educacional, além de cultural do resto da população. Pobres de alma e de postura o povo passa apressado por mim, se benze sem nem acreditar nas palavras do pai, sem nem prestar atenção em mim. Preocupado com as dívidas de amanhã. amém.
Ví e ouvi falar nos dirigíveis que visitariam Maceió, elogios ao gogó da ema, o coqueiro celeste, aplausos para Pajuçara e a noite da praia da avenida ou avenida da paz depois que a segunda grande guerra acabou, ouvi sobre os tiros na comemoração do tricampeonato brasileiro na mesma avenida, o prefeito das bostas enfeitando de flores nossas praças que Cajú como Sandoval carimbou "S" dizendo cidade sorriso e não Sandoval, ouvi falar das concorrentes da Sinimbu da sorveteria sorriso e do menino mijão e outro menino na praça moleque namorador. vi e ouvi os carros abertos em desfile pela comércio/boa vista no carnaval do centro e suas famosas bandas musicais, confetes, talco de arroz, serpentinas, lança perfume acobreada, máscara de papel, de plástico transparente imitando óculos com amarra de elástico. meninos tolos sonhadores admirando as meninas bem vestidas e sorridentes, princesas divinas inalcançáveis, rolete, pipoca, quebra queixo americano, pião doce, cocada, tapioca, cuscuz de arroz de milho, pé de moleque, tudo passou para pasta de coca com recheio de ar 15, morte juvenil, inocência quebrada, enlameada e jogada fora. família de luto chora desesperada mesmo morrendo baleada no enterro. eu vi os anjos e agora vejo os demônios.
Eu não nasci com Maceió, mas me colocaram no lugar da original, badalaram meus sinos em ocasiões importantes, vi cobras de procissão pela rua do sol sendo parida nas minhas entranhas, escorrendo pelas minhas escadarias, cantos e cantigas, pipocar de fogos que subiam com fogo e desciam só carvão. moços encantados, moças rubras faces a esconder sob a sobrinha, vejo agora as danças na praça que chamam de cultura ao povo, nuas elas rebolam como as putas da bíblia, serpenteando seus atrativos na busca desesperada por ser querida e não rejeitada, trocada por drogas e smartfones vibrantes.
Vejo tecnologia em excesso e espiritualidade em recesso.
O homem aprendeu mais sobre terceirizar esforços e menos sobre se esforçar para ser feliz aqui e lá, nanotecologicarizaram as mentes, os corpos e infelizmente a alma.
Meus sinos são eletrônicos e tem hora para badalar sob determinado preço, vai encarar esta humanidade?
Um dia eu arrebento e toco meus sinos velhos e rachados anunciando o fim do homem e a sanitarização do planeta.
Duvidam?
Cordialmente,
CATEDRAL METROPOLITANA DE MACEIÓ - ALAGOAS - AGOSTO DE 2016.
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