SEM OLHAR LEVANTAR
j.Torquato
SAIR PELAS RUAS DA CIDADE
SEM OLHAR PARA CIMA, SÓ VENDO AS LAGARTIXAS.
SAIR PELAS CIDADES NUAS, SOB OLHAR DE LUAR.
E INGRESSAR NOS BECOS COMO ENTRANHAS SEXUAIS.
PENETRAR NA ESCURIDÃO DAS DOBRAS DA CIDADE.
RASTEJAR PELAS VIELAS, VENDO SUSSURROS DE VIDAS.
OS JARDINS SÃO LATAS ENFERRUJADAS DE LIXO
AS FLORES SÃO SACOS DE PLÁSTICOS ASSASSINOS.
ARDE NA ALMA O RANGIDO DOS PNEUS QUE CANTAM
OCUPANDO OS ESPAÇOS DOS PÁSSAROS, NAS ONDAS SONORAS.
DÓI MEU DENTE, MEU PENTE, MINHA ALMA,
DÓI O NÓS ENTRE O TU E O EU.
RASTEJANDO AINDA VOU, COMO COBRA BECOS DOBRANDO.
LÁ EM CIMA A LUA MOSTRA FELIZES MORCEGOS.
QUE UM DIA A RADIAÇÃO ATÔMICA, DERRUBARÁ.
E DOS PÁSSAROS NEM NOTÍCIAS
PORQUE NÃO HÁ OLHOS PARA OLHAR O CÉU
NÃO HÁ ESPÍRITO PARA VOAR NO UNIVERSO
VENTO QUE NOTÍCIAS TRAZ.
VEM COM ODOR DO MAR DE SUOR HUMANO
E O HABITAT CONDENADO, VICIADO, NÃO TEM PERFUMES,
NÃO TEM CANTORES, NÃO TEM CORES.
MUITO MENOS AMORES, AMOR NO FEDOR NÃO HÁ.
JAZ AQUI A HUMANIDADE QUE NÃO TEVE NEM A DIGNIDADE
DE ALÇAR VÔO PARA O CÉU
NEM COM SEU TRISTE OLHAR.
E NA IMUNDICE SE DEITOU E ROLOU EM GOZO.
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